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Arquitetos: Gus Wüstemann Architects
- Área: 1115 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Bruno Helbling
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Fabricantes: Agosti, Atlas Schindler, Cremer Bruhin, Fiechter + Fuchs, Gautschi Fensterbau, Heierli Partner Haustechnik, Kurtisi, Louis Poulsen, MARTI Komfortlüftung & Bauspenglerei, Persiana Barcelona, R+R Metallbau, Schaub, Schenker Storen, Sky-Frame, Züri Elektro
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Fundação Baechi entrou em contato com escritório de arquitetura de Gus Wüstemann com uma proposta muito simples: projetar um edifício de habitação social na cidade de Zurique, um projeto para ser construído com um orçamento tímido mas que fosse capaz de criar espaços generosos e agradáveis de se viver.
Contexto
Este edifício habitacional possui apenas nove unidades, é extremamente compacto e está implantado junto ao cinturão verde de Albisrieden, nos arredores da cidade de Zurique. Seu contexto urbano caracteriza-se pela presença de edifícios habitacionais lineares construídos durante os anos 50 e arranjados perpendicularmente uns aos outros em meio à amplas áreas verdes. O novo edifício foi implantado bem no meio de um destes generosos pátios públicos, seguindo a recente estratégia do governo da cidade de Zurique de densificar seu espaço urbanizado. A Baechi Foundation, responsável pela encomenda deste projeto, solicitou especificamente aos arquitetos um projeto de habitação social que fosse acessível e com uma excelente qualidade espacial, além de muita luz natural e privacidade aos seus condôminos.
Qualidade de vida e sustentabilidade em projetos de habitação social
O projeto que atende pelo nome de seu endereço, Langgrütstrasse 107, comprou o desafio de provar que, ao ocupar um espaço de uso público, não causaria nenhum impacto negativo nos edifícios pré-existentes ao mesmo tempo que permitiria novas interpretações de como ocupar os espaços públicos promovendo qualidade de vida e inclusão social. E o mais importante, sem ter que gastar muito dinheiro com isso. Nos dias de hoje, precisamos repensar a maneira como estamos construindo as nossas cidades. Sustentabilidade significa focar menos no individual e mais na comunidade como um todo.
No que se refere à arquitetura dos espaços construídos, estamos tentando mostrar que através de projetos de habitação social - reinventando seus conceitos e conotações - é possível reintroduzir a dimensão social nos espaços urbanos de nossas cidades. Este edifício, mais especificamente, é composto por quatro apartamentos de dois quartos e sessenta metros quadrados e cinco apartamentos de três quartos e noventa e cinco metros quadrados de área.
Arquitetura de qualidade para todos
Os preços dos aluguéis deveriam ser acessíveis, ou seja, nosso investimento não seria muito alto. Estamos falando de um dos aluguéis por metro quadrado mais baratos da cidade de Zurique. Arquitetura de qualidade e acessível a todos à um preço justo.
Morfologia
Formalmente, o edifício é um bloco sólido de concreto aparente, organicamente esculpido para conter dois pequenos pátios internos. Os blocos de apartamentos atravessam estes espaços verdes em busca da melhor iluminação natural, banhando seus espaços internos com a luz do sol desde a manhã ao entardecer. Um espaço contínuo que cria uma sensação de topográfica alinhada com o seu exterior - e não apenas um edifício comum de apartamentos.
Isso faz com que estes pequenos espaços de moradia pareçam incrivelmente amplos e intimamente conectados ao seu entorno. Por isso decidimos acolher em meio ao edifício estes generosos espaços abertos - como se as varandas vazassem e o espaço verde fluísse para dentro dos apartamentos protegidos por suas persianas de madeira. São detalhes simples e baratos que utilizamos para minimizar os custos das instalações técnicas do edifício - obviamente estamos falando de padrões suíços - concentrando-se em algumas intervenções pontuais que pudessem agregar um grande valor à qualidade do espaço íntimo das unidades. Optamos por grandes portas de correr de vidro além de elementos de concreto que brotam das superfícies e transformam-se em peças de mobiliário.
Concreta sensualidade
As paredes que contém os espaços dos apartamentos funcionam como uma topografia vertical de concreto. Portanto, os elementos construtivos passam, em determinados momentos, a assumir diferentes formas e usos - incorporando itens de mobiliário como um armário embutido e um banco. O banheiro do apartamento de três quartos encontra-se separado da área comum por uma porta de correr, que não chega a tocar o chão. Isso faz com que o espaço pareça ainda mais fluido e integrado mas sem abrir mão da intimidade necessária.
A entrada de cada uma das unidades é marcada por uma viga contundente e massiva de concreto aparente, a qual indica o caminho para a porta de acesso. O banco de concreto que brota da parede do banheiro cria um espaço de convívio já no acesso da unidade, convidando as pessoas para o aconchego da casa. O piso de concreto se esparrama por todos os espaços, marcando uma continuidade e integrando todas as áreas que em nenhum momento, foram pensadas separadamente, em seguida, no interior dos quartos de dormir, um delicado revestimento de madeira é responsável por criar uma sensação maior de intimidade.